domingo, 8 de julho de 2012





Quem é esse homem de pele sem cor e uniforme laranja?
Pra quê lhe vestiram cor tão vivaz?
Tijolo e cimento, o sol raiando o azul do dia
Não lhe seria uma pena a mais?
Quem é esse homem de cabelo raspado,
Rosto marcado, olhar cabisbaixo?
Reconstruindo o muro da delegacia,
Chamam-lhe de preso, mas não sei o seu nome
Nem me disseram quem é esse homem?
Que homem é esse por mim imaginado?
Por que seus olhos insistem em olhar para baixo?
De onde ele vem? Para onde ele vai?
Tijolo e cimento, o sol raiando o azul do dia
Não lhe seria um dia a mais?
Dei-lhe bom dia e sorri:
Assustado debulhou-se num riso oprimido
E esmagou as palavras... Quase que lhe ouvi!
Não sai da minha mente a imagem de ontem
Atrás deste rótulo, quem é o homem?
Quem será o primeiro a perguntar o que sente?
O homem sem voz, o homem sem olhos,
O homem sem corpo, o homem dormente.
Da etiqueta do criminoso, do processo excludente.

Homem, quem é você?