domingo, 17 de março de 2013

Pensamento


Palavras vagas, móveis velhos e pó.

As nuvens estão sem cor.

Lá fora a chuva cai e não ouço a canção.

Cinzas no cinzeiro, céu de telas.

Não sinto mais os pingos.

Não me vejo em ninguém.

Lugar nenhum é mais seguro que aqui, onde:

Não pergunto.

Não sei querer.

Nem consigo procurar.

O quê?

A solidão... Descobriu-me.

Num mundo de ilusão.

E dele fez morada.

A solidão desse mundo.

Não tem coração.

Não.

Apenas invade e morde.

Não cicatriza, a dor que sangra.

Até nos secar, dissecar tudo o que a gente ama.

Tudo o que não soubemos amar.

O mundo dessa solidão.

Não tem coração.

Não, não!

Deus








‎"Amar o próximo como a si mesmo." 
Este é, ou pelo menos deveria ser, o maior principio de qualquer religioso. Mas não é o que acontece num mundo onde a intolerância domina, por falta de conhecimento e sensibilidade, onde não se reconhece no outro o Deus reconhecido em si mesmo. 
Então, que "Deus" é esse, que em seu nome, divide a humanidade em raças, discrimina, julga, vende lugares no seu céu, tira o pão de quem sente fome pra construir castelos e templos de ouro donde fazes moradas de líderes hipócritas e criminosos, que voltará para separar os bons e os maus, para condenar ou absolver, para preencher o céu ou o inferno, um "Deus" que castiga, que segrega, que usa os homens para proclamar sua palavra e determinar em seus corações seus caminhos, sua felicidade, suas condenações, provações... Um "Deus" que fundou religiões, templos e quem não aceita, é condenado por toda eternidade. Que acumula alienados onde tornam-se escravos da própria fé, quando proclama no seus corações a culpa, quando os seus fiéis exercitam a "bondade" esperando serem absolvidos e escolhidos. 
Não, não posso acreditar nesse Deus. 
Meu coração não permitiria. E nem por isso me sinto ovelha perdida ou vazia do sentimento Amor! O meu Deus não tem religião, não tem credo, não tem cor... o meu Deus não é padrão, não faz penitência nem sermão, o meu Deus não tem Patrão, é operário, é irmão... o meu Deus é igual a mim, é igual a você, é construção... tem os olhos coloridos, tem o abraço infinito onde o mundo todo possa caber, o meu Deus não possui reféns, nem verdades absolutas, conceitos determinados, revelações obscuras... ele é livre, ele toca samba, toca flauta, ele assobia, ele tem asas... ele dança afro, dança frevo, dança tango, dança romana ou também não dança... A religião dele é o próximo, é o mar, é a lua, é o olhar, é o toque sincero, o riso feliz, a mão humilde, a sabedoria da compreensão, o mistério da vida, o conhecimento e a voz do coração... É universo, é infinito verso... a felicidade triste, a felicidade alegre, a pureza de um sonho, o sonho de um menino, o rabisco de um poeta... é a harmonia de todos os seres, é a luz que nasce da escuridão!

"O reino de Deus está dentro de você e à sua volta, não em mansões de madeira e pedra; lasque um pedaço de madeira e lá estarei, levante uma pedra e lá me encontrará!"


quinta-feira, 7 de março de 2013

Voltando!




Lá... estremecido pelo que não foi
Caminha passos lentos, tontos
por águas estranhas que não te matam a sede
nem te embebes de sensações tamanhas
nem te afugentas de dores profundas
Caminha desvairado no silêncio que te proteges
Calada... cálida força que se prende
em teias confusas que adormecem a mente.
Não dá pra alcançar... e tudo se vai partindo...
Para onde, cor dos olhos teus?
Olhos meus, tão meus agora...
Por que foges tu, quando te apavoras?
diante de tanta desarmonia
que te roubam vastidões de alegrias
que te secam campos silvestres, ideologias
Quem és tu? Quem tu és?
Quando findará os teus ideias sem-fins?
abandonados pelo impulso que não há
emoções passageiras, confundindo o sopro de um clarim
partir-se-ão sem deixar pedaços...
A luta que não houve, a glória que não existe.
É nesse instante que arrisco o risco
Num rabisco de papel infinito
Pinto... O meu tão alto riso!
Desenho-me de novo, reconstruo o meu corpo
Recriando no movimento o equilíbrio
Reencontro jardins, caminhos secretos que clamam a alma
Amaciando as notas, embalo-me na sala
A canção da madrugada
Pés descalços, estou voltando
Noutra estrada!