sábado, 25 de setembro de 2010

Um pai de latinha - Jan 2004

 
Dos brinquedos que eu não tive
Restaram pedaços quebrados
De uma angústia que sobrevive
No meu coração solitário

Aqueles inventados nas ruas
Ruas em que vivia
Verdade nua e crua
Meus brinquedos de latinhas

Fui juntando e pensando
O que construirei?
Amassei, cortei, imaginei
Fui modelando e inventando

Era tanta coisa que eu queria
E não podia ter
Irmãos, casa e uma família
Que me desse um sentido de viver

Fiz um boneco e então
Passei a chamá-lo de meu pai
Não contive a emoção:
Dos meus braços eu não o soltaria jamais

Um boneco de latinha
Era o pai que há muito tempo
Tanta falta já fazia
Quando mamãe acabou morrendo
Levando uma metade minha

A metade de um vazio
De um pai que eu não conhecia
Perambulando pelas ruas
Eu ia sentindo saudade do que eu não tinha

Para o meu papai de metal
Dei-lhe também um coração
Parecia loucura, coisa anormal
Mas ele me enchia de proteção

Ao fechar os olhos
Ouvia chamar-me de filha
E eu suspirava cantando
O meu pai, minha vida!

Mas o tempo foi passando
E eu envelheci
Debaixo desse frio viaduto
Papai ficou mudo
E de uma coisa eu esqueci

O fim dos meus dias
Está para chegar
E agora meu Deus,
Quem do meu boneco vai cuidar!?

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Fé...



Passeiam meus olhos nas paisagens verdes
O sol tudo ilumina
O cheiro de tangerina
Leva-me a poesias distantes,
Sorrio que nem criança
E tudo o que era antes
Agora também o é...
Eu vejo as mesmas flores, porém mais vivas e cintilantes
Elas dançam nos canteiros e as borboletas colorem o azul celeste!
Eu respiro esse ar solene, e tudo o que minha alma suspira se faz!
Não tenho mais medo
Agora sinto a asa da paz
Não há segredo
Fé...
E nada mais!

Flor menina!



Cheiro de flor de dendê
Brisa do mar, renascer
Segredo de menina sereia
Desenha seu sonho na areia
E as ondas vêm abençoar

Toda essa garra mansa
Vem do tempo de criança
Jeito sereno de lutar
Leva no peito a esperança
E nos olhos o brilho do luar

Flor menina rodopia e dança
Com o batuque do lado de lá
Menina flor não se cansa
De sentir o vento e voar!

Voa longe, voa
Solta tua voz macia e ecoa
Para que o mundo volte a sonhar!

Meu poema vivo!


 Tudo o que há em seus olhos, e todo esse mel único que habita teu ser!
Não consigo falar, expressar, dizer em poesias, textos, gestos e formas...
Por mais que eu queira, acredito que jamais poderei traduzir concretamente,
Tudo o que és hoje na minha vida!
É suave como respirar, e mesmo assim todo esse ar puro que agora nos envolve ainda não seria suficiente para decifrar tanto mistério, tanto encanto, tanto sentimento, que a cada suspiro explode em faíscas de sensações sublimes... Que nada nesse mundo poderia alcançar!
É como se eu te trouxesse aqui dentro durante séculos, e agora despertasse em demasia, como uma fonte de água cristalina que jorra em meio ao deserto, reconhecendo cada grão de areia banhado.
E assim, cada pedaço do meu corpo, cada canto da minha alma, encontra em ti um recanto de paz e luz! Tu és minha força branda que me impulsiona a voar, alcançar as montanhas, desafiar o tempo e ter a sensação eterna do sonhar! 
És minha inspiração de vida, ar divino em brisa leve de emoção, poesia muda carregada de lágrima doce, sabor de céu...
Eu não saberia meu amor, viver sem a tua presença, e assim perderia os sabores e os sentidos da vida.
Porque tudo o que há em seus olhos, tudo que há em ti, eu também o sou!
Porque tudo o que eu sou, tu também és, e nada pode separar duas almas,que para se tornarem uma só, bastou apenas um olhar!
Ah! Como eu te amo... Tanto, tanto e tanto!!!