domingo, 25 de março de 2012

No espaço de mim...




 Há um espaço dentro do ser
Que não pode ser preenchido por nada
Nem por ninguém, além de você
Há um caminho, um percurso
Que só teu íntimo pode conhecer
E se não desvendar
Dias sem sol, sem chuva
Dias distantes
Distantes do tempo, desse tempo que envolve
A vida e o agora
Nada se completa, e tudo perturba
Até a claridade lá fora, assusta!
O escuro é o acalanto,
Que desejamos tanto
A gente deita num canto gelado
E a dor vai queimando pedaços de nossa memória
Histórias que não foram vividas
E vidas que foram embora
Sonhos abandonados pela nossa alegria
Encolhidos, abraçamos nosso único abraço
Choramos por tudo e por nada
Procurando respostas que nunca foram reveladas
Nem serão no meio da estrada!
Dias assim, dias que não se vão
Eternos despertos, fogem de qualquer razão
Nesse espaço, só cabe o teu coração
Não cabem conselhos, atalhos
Gestos e carinhos alheios
Nesse espaço, não cabem outros desejos
A não ser tudo o que tu foi,
Ou deixou de ser
Tudo o que tu és e amanhã não mais serás!
Quem saberás?!
É o instante em que os fantasmas somem
As vozes não dizem nada
Os olhos não vêem a ponta de luz
É o instante em que se descobre só...
E de repente no meio do nada
Esse nada te flutua e te segura
Não há o que perdoar
Nem o que ser perdoado
E embebidos de calma...
Fecham-se os olhos de tua alma
E repousa o sonho da criança
Numa cura sagrada!

domingo, 4 de março de 2012

Castelo e areia!

Sonhos se desfazem no templo
E o vento varre os grãos da ilusão derretida
Se a gente flagela os sentimentos
e reparte as emoções
como viver inteiro do momento
como sentir se fragmentamos em razões?
O vento apressa os versos na areia
E as ondas levam à eternidade o declarar
O coração que soube ouvir apenas fixa o olhar
Decora os versos em segredo
rabiscados a dedos com sal e lágrima
Aperta no peito a dor do amor
E suspira pronfundo uma última palavra!
Presente no vento as lembranças de outrora
Não trarão o amor que se perde
Quando a areia do tempo devora
A areia do tempo é a memória...
O tempo do amor precisa ser agora!

Desencontro


Vejo o final de tudo
E longe de mim um começo
Não consigo alcançar o barulho do vento
Aquele velho vento molhado da chuva
E o tempo, passa correndo
passa por dentro, arrancando folhas verdes
frutos, sonhos, memórias
Que livro é esse que escrevo agora?
Que dia é hoje?
Aonde deixei a minha história?
Perde-se o medo,
o segredo, perdem-se as palavras entre os dedos
mãos trêmulas, lágrimas presas...
Quem eu fui outrora?
Onde fui eu mesma?
Tem algo obscuro
Eu já tentei, mas não posso advinhar
Achei que podia
Como se já soubesse
Como se conhecesse
Mas não posso...
Será que é meu
Será que tudo isso é nosso?
Quem chegou prmeiro,
Quem estendeu a mão
Quando olhou em meus olhos
Qual dos dois perderam a razão?
Não vejo o recomeço
e todos os dias o fim bate em minha porta
eu arrisco abrir a janela
Mas as paisagens não estão mais lá fora
Foram todos embora...
Quem é você que mora em mim?
Quem é você que em mim ja não mora?
Por que insiste em não respirar?
Por que insiste em dizer?
Palavras...
Apenas palavras...
Jogadas no vento
Perde-se o tempo
desmancha-se o momento...
o eterno do agora...