Há um espaço dentro do ser
Que não pode ser preenchido por nada
Nem por ninguém, além de você
Há um caminho, um percurso
Que só teu íntimo pode conhecer
E se não desvendar
Dias sem sol, sem chuva
Dias distantes
Distantes do tempo, desse tempo que envolve
A vida e o agora
Nada se completa, e tudo perturba
Até a claridade lá fora, assusta!
O escuro é o acalanto,
Que desejamos tanto
A gente deita num canto gelado
E a dor vai queimando pedaços de nossa memória
Histórias que não foram vividas
E vidas que foram embora
Sonhos abandonados pela nossa alegria
Encolhidos, abraçamos nosso único abraço
Choramos por tudo e por nada
Procurando respostas que nunca foram reveladas
Nem serão no meio da estrada!
Dias assim, dias que não se vão
Eternos despertos, fogem de qualquer razão
Nesse espaço, só cabe o teu coração
Não cabem conselhos, atalhos
Gestos e carinhos alheios
Nesse espaço, não cabem outros desejos
A não ser tudo o que tu foi,
Ou deixou de ser
Tudo o que tu és e amanhã não mais serás!
Quem saberás?!
É o instante em que os fantasmas somem
As vozes não dizem nada
Os olhos não vêem a ponta de luz
É o instante em que se descobre só...
E de repente no meio do nada
Esse nada te flutua e te segura
Não há o que perdoar
Nem o que ser perdoado
E embebidos de calma...
Nem o que ser perdoado
E embebidos de calma...
Fecham-se os olhos de tua alma
E repousa o sonho da criança
Numa cura sagrada!