quarta-feira, 20 de junho de 2012

Longe

Partiu-se a pedra que achou preciosa
No deserto da alma em que padeceu
Os sonhos e as lembranças silenciosas
Retratos que não viveu
Ansiosa pelo que havia
De ar dentro da pedra
Nem barro, nem pó, nem poesia
Nenhum vestígio dela
O longe já existe em algum lugar
E avistar paisagens não alivia
A palidez no tempo presente
De coisas que não queria
O alcance da flor sagrada
Aquela que coloriu amarela
Orvalho, folhas, areia e pedras
Buscam o destino em que nasceu
Brincando com a sorte e o vento
Cantarolando luares como um arlequim
Desfazendo os mundos e as pessoas
Que não houveram
Nem estiveram aqui
Aonde estão os segredos que foram revelados
Aquela luz, com cor de dourado?
Aonde estão o mesmo rosto, o mesmo olhar
Quando depara-se no espelho sem reflexo
Fantasmas e memórias a lhe perturbar
Pedra preciosa noutro tempo mágica
Parte-se e o vazio preenche as horas
No relógio do mundo
Descompassa o coração mudo
Onde a vida tenta sobreviver
Em menos de um segundo.

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