sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Superfície
Não me fale o que não quer dizer
Nem me mostre o que não quer viver
Não me ensine o que eu não vou ser
Não me projete, eu não sou você
Não afirme o que eu não sei negar
Não sei olhar sem me aprofundar
Não me abrace só na hora de ir
Não me pergunte o dia, se ele foi ruim
Quando me diz o que eu não quero ouvir
Não negue o que não vai notar
Não finja o que não quer sentir
Não me cale quando eu for falar
Não me peça o que eu não quero ter
Não me julgue o que eu não sou
Não me deixe partir sem saber!
Não vim pra navegar nas águas da superfície
Mergulho sem medo nesse mar de viver
Na sorte de um amor tranqüilo
Quero voar livre todos os dias e renascer!
Nem me mostre o que não quer viver
Não me ensine o que eu não vou ser
Não me projete, eu não sou você
Não afirme o que eu não sei negar
Não sei olhar sem me aprofundar
Não me abrace só na hora de ir
Não me pergunte o dia, se ele foi ruim
Quando me diz o que eu não quero ouvir
Não negue o que não vai notar
Não finja o que não quer sentir
Não me cale quando eu for falar
Não me peça o que eu não quero ter
Não me julgue o que eu não sou
Não me deixe partir sem saber!
Não vim pra navegar nas águas da superfície
Mergulho sem medo nesse mar de viver
Na sorte de um amor tranqüilo
Quero voar livre todos os dias e renascer!
domingo, 15 de novembro de 2009
Meu mundo e esse mundo!
Meu mundo não é esse mundo e nem esse mundo é o meu!
Meu mundo é mais profundo do que esse mundo no meu eu!
Meu mundo em vários mundos, um dentro do outro, em caminhos e mistérios o meu mundo se protegeu...
Meu mundo não é claro nem escuro, o meu mundo não é meu!
Meu mundo é no mundo mais um mundo que não é apenas mundo, sou Eu!
Meu mundo é colorido, é vento, é sonho, é alma, é silêncio, é a palavra...
São risos e sons de lágrimas puras, abraços fortes e mãos seguras...
E já ouvi dizerem absurdos, mas eu não me perturbo porque no meu mundo eu não sou muro mudo!
Nem talvez, nem mais ou menos, nem meio termo, nem não sei, porque meu mundo é inteiro mesmo quando está vazio... É natural mesmo sendo quente ou sendo todo frio...
Já não é igual e sei lá se for anormal, não faz mal, porque o meu mundo no meu mundo é o ideal...
É ser e não ter; tem que crer para ver; tem que sentir para entender; tem que se entregar para ouvir a música que vem lá do fundo... E se jogar de braços abertos para “todo mundo”!
E nesse mundo mudo quantas vezes o mundo do meu eu se perdeu!
Ah! Mas não hesitava em lutar e logo estava de volta, em mim, o mundo meu!
E insisto pode até parecer absurdo, mas não posso abrir mão do meu mundo se ele me escolheu!
Se vida e felicidade pura ele me dá, se o caminho que me esperas viver ele sempre guardará!
Meu mundo não é esse mundo nem esse mundo é o meu!
Meu mundo é mais oculto e mais profundo que todo mundo e eu,
Meu mundo não é apenas o meu mundo, meu mundo sou Eu!
Meu mundo é um pedaço de sonho um sonho que não é só meu
Meu mundo cabe todo o mundo, mas não esse mundo em que o meu mundo um dia se perdeu...
Meu mundo é você, meu mundo é mais que eu!
E quem poderá chamar de louco a beleza desse mundo meu,
Se ele simplesmente sorri como um novo sol aos olhos de Deus!
sábado, 14 de novembro de 2009
O livro!
Páginas que vivem em mim!
Começarei falando da cor, da cor que era colorida com tons cheios alma, tons que vinham da essência dos segredos da vida, das descobertas e da imaginação de uma pequena menina. Dos campos cobertos de verde-limão, do vento nos cabelos, das flores que cheirava e colhia... Do mar, das mãos dadas com o horizonte, dos sonhos que pareciam tão longe... Dos primeiros desenhos, das peças de teatro, da primeira iniciativa social, dos medos, dos novos ideais e novas descobertas. Dos valores aprendidos e despertados em emoções sublimes... Do receio de gritar, das inquietações, dos momentos em que o desejo de partir era maior do que a vida, dos instantes de desespero, da maldade confundida, das decisões incertas, das contradições de sentimentos, momentos de profundo amadurecimento, autoconhecimento, momentos em que a minha casa não era mais minha, momento de dizer adeus... E os novos rumos, novos encontros, daquela dorzinha gostosa no peito, do primeiro amor, da saudade entardecida, do silêncio de um olhar que se encontrou no meu, do abraço que me afagou, da sinceridade que me trouxe mais uma manhã onde pude cuidar de novo das sementes que vinha plantando desde a minha infância. Falarei das viagens, das idas e vindas, ora inconstantes, ora intuitivas, dos pensamentos que seguiam os canteiros das estradas, dos meus olhos que procuravam nas paisagens uma resposta para tudo o que eu não esperava viver... E fui vivendo, de cabeça erguida, muitas vezes olhava pro chão, e reparava na sabedoria de uma pequena formiga e sem perceber aprendia e reaprendia a seguir em frente sem temer os obstáculos... Das convivências difíceis, das coisas e circunstâncias das quais eu não soube lidar, das verdades que foram escondidas, da coragem que me acordou, do medo que me fez dormir, dos braços que segurei e cuidei, do perdão, do dom de amar, da esperança que me despertava com o canto dos pássaros, por mais dura e pesada fosse a noite.
Por todos os lados, tentei fugir várias vezes, mesmo sem saber pra onde iria... Mas falarei da companhia da lua, do silêncio da noite, das conversas com Deus e com as estrelas, da paixão pelo universo, da visita aos meus antepassados, da revelações e sinais do coração, das amizades que me acalentam, dos abraços fraternos, do amor de pai, do amor de mãe, dos valores que a vida foi desabrochando aos poucos dentro de mim, das coisas lindas que aprendi e continuo aprendendo.
Foi entre poesias, frases, telas, gestos e antigas melodias, que eu compus o meu viver, buscando pedaços de mim nessa longa estrada, nas entrelinhas do tempo, nasci e renasci a cada despedida, a cada recomeço, entre quedas e precipícios, descobri as minhas asas. Fui tecendo com fios de algodão, sem pressa, sem medo de errar, as asas de uma alma! A liberdade de uma vida!
As lembranças vêm com a essência da aurora, colorida como um arco-íris que aos poucos vai tomando sua forma real, vem à luz do primeiro olhar ao mundo. E como não lembrar se jamais poderei esquecer as paisagens desenhadas no meu coração, e como não sentir e buscar a maneira mais simples de contar... Contar o que vi e senti ao abrir os olhos para um mundo tão grande e misterioso tanto quanto à vontade e a alegria de poder arriscar mais uma existência... A imaginação e a liberdade numa só composição, campos de lavanda dançando com o vento misturando-se na mesma sintonia do ar puro e expressando pedaços e momentos de passados e presentes futuros. Escrevo ao cair das folhas secas de outono, ao caminhar na estrada serena que eu escolhi seguir, ao me jogar entre as pedras do meu caminho e aprender também com elas que uma pedra tem o seu valor, escrevo aos ensinamentos do luar: O sonho e o ideal. O começo e recomeço, o encontro e reencontro, tudo outra vez... tudo mais uma vez escutando a voz da vida, decifrando no fundo dos olhares humanos a minha historia, a minha missão... E nas paredes sobreviviam desenhos e sentimentos, versos simples em poesias que expressavam o âmago da minha infância, eram desenhos abstratos, casas com chaminés que tocavam o céu, árvores de frutas vermelhas, talvez maçãs, talvez framboesas, árvores do tamanho dos meus sonhos, que balançavam ao vento que me encontrava sempre a olhar pelas janelas do mundo. As janelas viviam escancaradas e a noite os vaga-lumes tocavam no silêncio a orquestra de suas luzes verdes e mágicas. Os beija-flores e as flores amarelas, e por que amarelas? Até hoje eu não sei, mas eram sempre as amarelas, não que as outras flores de todas as cores também não faziam parte do meu descobrir, mas as amarelas, tão amarelas dentro de mim, perfumavam minha solidão com o cheiro carinhoso dos querubins.
"Ruas de pedrinhas brilhantes”, inventava historias, encenava o teatro do mundo, que nem imaginava minhas inocentes idéias que um dia fossem enfrentar o palco da dura realidade. No quintal de esconderijos secretos, na casinha simples como a das camponesas que estavam nos meus sonhos, as panelinhas de barro, o cheiro da fumaça do fogão a lenha na roupa que a minha mãe costurava com sua delicada mão... Lembro-me da primeira peça de teatro, a qual batizei como ‘A liberdade dos contos de fadas’, em palavras doces e simples, no meu criar, eu encontrei o início de um caminho fiel, ou melhor dizendo o caminho do meu coração...
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