Venho através deste notificar minha indignação diante da manipulação da mídia sobre nossas emoções, remetendo-nos a um complexo de ansiedade e confusão, de desespero e ao mesmo tempo de alienação. É notável o quanto a sociedade é vitima das manifestações da mídia que acaba espalhando angústia, dúvidas e até visões de catástrofes mundiais... Mas por que vendem tanto? Por que o ser humano se entrega a desesperança, fantasiando a própria destruição, temendo sempre a possibilidade da morte?
Quando num mundo cada vez entediado a morte também anda presente nas nossas ações como ser humano. Estagnados, amoldados, histéricos, amortecendo a nossa capacidade de buscar soluções, nossas esperanças, nossos sonhos. A radical solidão dos homens de hoje, tão modernos que somos, mostra-nos a nossa fragilidade diante das instituições poderosas que dominam nossas emoções, crenças, e ações sociais.
Sobre o alarme das doenças contagiosas, das catástrofes mundiais, é de se indignar o quanto estamos alienados e preocupados mais com nosso próprio corpo do que com nossa mente e alma. Quantas catástrofes acontecem no dia a dia, e muitas vezes deixam de ser anunciadas nos jornais, quantas crianças morrem de fome e de frio nas ruas das grandes cidades, e nós cegos de tanta solidão, egoísmo e exaustão... Para onde olhamos, o que estamos lendo?
Por que não fazer uma movimentação com todos os meios de comunicação, não para alarmar, assustar, aprisionar, mas buscar soluções, espalhar o espírito de solidariedade, de amor à pátria, ao mundo, às pessoas. Espalhar a esperança, incentivar a capacidade que cada povo possui como força motriz de um mundo melhor, justo. Onde todos possam ter acesso à informação, com dignidade, com clareza e com verdade. Onde as pessoas vivam com tranqüilidade, e lutem e acreditem na mudança social. Onde a utopia seja um instrumento real de ação-reflexão dentro de uma ótica libertadora, implicando perceber a realidade como ela realmente é, e por fim transformá-la como deveria ser, e não tapar o sol com a peneira ou manipular a todos através de sistemas cruéis e desumanos.
Enfim, deixo aqui minha opinião, e reforço que por nossa histeria incurável não vimos a que abismo estamos afundando a nossa própria razão humana. Escravos a vítimas, seguimos os rastros daqueles que dirigem a nossa rotina.
Peço-vos desculpas se falei mais do que desejei, mas não pude conter as palavras que por vezes caladas assombram em ansiedade o meu calejado coração.
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